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Quais sãos os ganhos e a quem se destina a certificação?

 

Diante da intensa e fatigante luta por visibilidade, competitividade e êxito no cenário econômico nacional, figura a equinocultura. Atividade esta que no ano de 2009 apresentou marcas significativas quanto à exportação de animais, atingindo algo em torno de US$ 27,4 milhões, receita superior a de produtos como café torrado e cachaça, que tem uma divulgação bem mais ampla e consolidada fora do país (CFMV, 2010).

Inserido neste universo de cifras, que muitas das vezes não se apresenta tão auspicioso, encontram-se os cavalos nacionais; animais e seleções seculares, oriundos de nossas terras, que devido a suas características íntimas e particulares como a docilidade, inteligência, temperamento, resistência e andamentos cômodos, vem a cada dia conquistando mais adeptos e simpatizantes.

Como qualquer outra atividade econômica, a criação de equinos também esta sujeita a balança de fluxo comercial, onde impera a lei de oferta e demanda. O mercado consumidor se posiciona a cada dia mais seleto, requerendo que os produtos possuam como diferencial a origem comprovada e o processo de produção sustentável.

É neste contexto, e de maneira pioneira, que se encaixa a Certificação Equestre proposta pelo projeto Sela Verde. Nascido pela parceria entre a ONG Biotrópicos e ONG Conservação Internacional Brasil, o Sela Verde embasa-se no tríplice apoio da sustentabilidade, quais sejam: o respeito pela conservação da natureza e o bem estar dos animais, a preocupação com a cidadania e a agregação de valor; buscando o equilíbrio entre os interesses.

É sabido que a certificação criteriosa de produtos e atividades é a melhor maneira de garantir a padronização da qualidade destes. Utilizando como base os produtos agrícolas, sabe-se que os itens certificados podem agregar de 10 a 20 % ao valor do bem produzido (Fundação Getúlio Vargas, Maio de 2010). Além dos ganhos econômicos que serão alcançados pelos criadores, a garantia do padrão de qualidade que o Sela Verde construirá, fará com que o cavalo tenha uma melhora significativa na qualidade de sua vida e possibilitará uma construção biológica (ou crescimento) que dará durabilidade e retorno aos criadores, além de criar um “mercado verde” entre os adeptos do selo; onde se figuram produtos que se diferem pelo apelo ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável, tendo em vista o valor que se agrega ao produto certificado ao se cumprir as prerrogativas estabelecidas pelas normas de certificação. Os haras certificados abrirão um novo modelo na organização do mercado que envolve o cavalo Brasileiro.

A certificação Sela Verde se destina aos criadores de equinos que frente ao direcionamento do mercado buscam a adequação de seu sistema produtivo. Não obstante é importante salientar que a certificação também se designa ao comprador que, ao adquirir um animal de um haras certificado, possui a garantia do produto adquirido minimizando as falhas do mercado.

Assim, o consumidor, apaixonado pela criação deste animal, passará a realizar suas compras e vendas preferencialmente de cavalos originários de criatórios certificados. Além disso, o fato do criatório ter o selo, trará os seguintes benefícios: permitirá uma divulgação diferenciada do seu cavalo, já que é notório que os produtos certificados possuem maior aceitação e fluidez nos meios de comunicação, portanto, melhor acesso a estes; permitirá a prática de preços melhores dos animais, na medida em que o consumidor terá a garantia de um produto de máxima qualidade; garantirá uma consultoria aos proprietários na medida em que serão elencadas as tarefas a serem cumpridas para que o criatório atenda aos padrões ambientais, de bem estar animal e de responsabilidade social, exigidos pelo selo.

Desta maneira, além do ganho na qualidade do cavalo, é um dos objetivos principais do selo o ganho ambiental da propriedade e a melhoria do convívio social nesta. Não menos importante, as associações de criadores criarão incentivos para os criatórios adeptos ao Sela Verde.

Muito além do viés de mercado, é importante ressaltar que o processo certificatório cabe ao criador que possui uma visão acima dos títulos e ganhos econômicos possíveis de se obter com os equinos, colocando a frente a real valoração do ambiente harmônico, dos funcionários e colaboradores satisfeitos e, acima de tudo; animais saudáveis, naturais e longevos.

Texto de Tiago Maciel Peixoto e Yash Rocha Maciel
Especialistas em Desenvolvimento Sustentável – Coordenadores do Projeto Sela Verde